Existo. Ou não

Sou loira dos olhos negros. Inventada. Sou a personagem em mim que esteve atenta o tempo todo, a que guardou, quebrou, misturou e pintou essas histórias. Sem ela, eu simplesmente não aprendo. Não conseguiria. Eu posso ser outras pessoas, uma grande alegria na vida duns, uma grande tristeza na vida doutros, mas, se escrevo, sou Cassandra. Se não sou, digo a ela: Cassandra, que saco! E a gente sai por aí. Discutindo e tomando uns goles. E a gente se mistura. A gente se conforta. Em Uberlândia, minha Macondo, minha London, minha Paris. O Alfredo? É meu incidente, reincidente.

domingo, 19 de dezembro de 2010

por isso, Por isso




Sim, sou doce.
E que porra você teria a ver com isso?

Sim, prefiro que você prospere às favas onde estiver.
Seja feliz, encontre luzes e caminhos.
Mas que porra eu teria a ver com isso?

Sim, sorrio e faço parte de todos os seres humanos
Mas que merda só você não se dar conta disso
E eu tenha que difamar seu ódio com meu amor explícito

Essas suas horas gastas no meu eterno sorriso
Cheias de escárnio desnecessário e ambíguo
Sim, ou eu perdôo ou nem ligo

Sim, tenho pouco ou nenhum raciocínio
E sim, sua arrogância de merda tem menos que isso

Porque se eu fosse tudo que sou
E você fosse tudo que é
Estaríamos discutindo isso?

Sim, sou antes o que é impreciso
E que porra eu poderia fazer a respeito disso?
Que porra você poderia fazer com isso?

Sim, fui-me embora fazer drama atrás da árvore
Chorei uma pá de noites e dias seguidos
Masquei unha até sangrar-me os dedos
Fiquei oito minutos sem respirar sob o mar
Encasquetei com trocentos vícios
Que merda mesmo é isso?

É por isso mesmo que digo
Sou doce mesmo, há milênios
Vista sob árvores escrevendo
Poemas
E se você pudesse saber como é isso
Eu te escreveria um poema também

Um poema como se você tivesse
Um tanto assim a ver com isso
Um poema que te explicasse melhor 
e se chamasse por isso, Por isso.

Nenhum comentário: