Num futuro próximo – dia 19 de setembro de 2011 – eu finalmente cumpriria minha promessa de só pisar em Paris com um grande amor fotógrafo ao meu lado. Depois de ter diversas vezes passado na porta da França e me recusado a entrar no país alegando fobia a franceses, eu finalmente poderia revelar O Grande Segredo para as lentes de meu amado. No topo da Eiffel eu diria: recusei-me a vir à França antes porque esperava por você, meu grande amor fotógrafo que me acompanharia até aqui.
Tiraríamos a foto, eu sentiria fome, iríamos comer queijo com café e depois nos empolgaríamos com a próxima atração, o museu de Louvre.
Enquanto nos aproximássemos da pirâmide de vidro, estranharíamos que na praça seca que a cerca houvessem sido erguidas gigantescas caixas de som. Coincidentemente, chegaríamos pontuais, bem na hora em que elas seriam ligadas.
A coisa toda teria sido montada por artistas neuróticos em protesto à indústria da fofoca que, segundo eles, era a principal responsável pela morte da criatividade humana. Quando as caixas fossem ligadas, vozes de bilhares de pessoas comentariam, em diferentes línguas, a vida de Angelina Jolie. Falariam sobre um boato lançado pelos próprios artistas neuróticos de que Angelina Jolie seria, na verdade, O Vingador e, Brad Pitt, o Mestre dos Magos.
De repente, o som cessaria e um texto seria projetado pelas próprias paredes do Louvre dizendo que, se todos os comentários feitos especificamente para aquela fofoca pudessem ser escritos e impressos, o tempo gasto por uma pessoa adulta para ler o texto resultante poderia ser medido em anos-luz.
Então religariam o som, e eu ouviria nitidamente minha voz em português dizer: eu sempre achei o Brad parecido com o Mestre dos Magos. Teria dito isso no Barolo Point?
A essa altura eu estaria bem desconfiada de que aquilo tudo não passasse de um sonho.
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