Existo. Ou não

Sou loira dos olhos negros. Inventada. Sou a personagem em mim que esteve atenta o tempo todo, a que guardou, quebrou, misturou e pintou essas histórias. Sem ela, eu simplesmente não aprendo. Não conseguiria. Eu posso ser outras pessoas, uma grande alegria na vida duns, uma grande tristeza na vida doutros, mas, se escrevo, sou Cassandra. Se não sou, digo a ela: Cassandra, que saco! E a gente sai por aí. Discutindo e tomando uns goles. E a gente se mistura. A gente se conforta. Em Uberlândia, minha Macondo, minha London, minha Paris. O Alfredo? É meu incidente, reincidente.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Faça as contas

As fórmulas estão erradas
Os resultados não batem
Vocês estão errados
Por conta das contas
Que não se acertam nem nos dedos
Se eu contar, não acredito
Os resultados não batem
Como as receitas de bolos embatumados
E a torre que entorta
Como os edifícios de areia de mar
Um alvo errado na hora do tiro
O tropeço que quebra uma perna
O que era pra ter sido
Não fosse o cálculo errado
Dá certa falta de ar
De ver a calha entupir
O rio fedido entornar
A paciência se encher
Por conta do que era pra ter sido
E o que era pra ter sido?
Não fosse o cálculo errado?
O que era pra ter sido?
Uma nascente a mais talvez
Um ou outro pássaro
Uma memória doente a menos
A morte das indecências morais
No meio do caminho: a cura
A gente estaria melhor
No futuro do pretérito perfeito
Agora parece tão tarde
Para se refazer essas contas
Ainda que nem tome tanto tempo assim
Olhar a vida com amor

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