Existo. Ou não

Sou loira dos olhos negros. Inventada. Sou a personagem em mim que esteve atenta o tempo todo, a que guardou, quebrou, misturou e pintou essas histórias. Sem ela, eu simplesmente não aprendo. Não conseguiria. Eu posso ser outras pessoas, uma grande alegria na vida duns, uma grande tristeza na vida doutros, mas, se escrevo, sou Cassandra. Se não sou, digo a ela: Cassandra, que saco! E a gente sai por aí. Discutindo e tomando uns goles. E a gente se mistura. A gente se conforta. Em Uberlândia, minha Macondo, minha London, minha Paris. O Alfredo? É meu incidente, reincidente.

segunda-feira, 28 de março de 2011

Vazo

Como não consigo trabalhar - cagaram no meu dia - venho aqui me divertir no meu blog feio sem um mísero leitor. Me tiram do sério com um sopro?

Derrubem suas paredes, diz o anjo, tudo vai parecer mais romântico, até a responsabilidade que te impormos, te tirarmos, te devolvermos depois, a gangorra é nossa, aha, uhu. Dois dias sim. Três dias não. Aha. Uhu.

Há meses sou uma espécie de cachoeira psicótica ou psicotrópica: vazo. Olá anjo amigo que escreve coisas nas paredes, tudo bem, admito, cansei! A carne mofou, os ossos racharam e acaba de nascer um bigode branco em meu buço.

Por que não dizem: estamos aqui para brincar com você e com a sua cara, aguardamos ansiosamente a hora de cagar nos seus sentimentos? Estragar segundas, terças, quartas, quintas, sextas e fds's é nosso lema. Cansada? Ou sensível demais? Aha, uhu. Você precisa trabalhar? Isso lá é trabalho? Aha, uhu.

Estou fudida, mal paga, expulsa de casa, não achei cigarro para comprar, nem apartamento para alugar. Ou seja, voltei a fumar, só não consegui comprar meus benditos cigarros. E retiro o que disse antes. Antes os vícios que se compram em supermercados, drogarias e bocas. Antes esses.

"abaixe sua guarda" "derrube suas paredes" my ass. My ass, mamma africa! Isso é para o pessoal que tem emprego estável, família, religião e controle emocional. Não é o meu caso, embora eu tenha sim, uma saúde de ferro, sem minhas paredes, eu vazo. Você aí, vaza? O pior é vazar e ter uma saúde de ferro, não é mesmo? Isso nos dá, sem cigarros, mais muitos anos de vida vazada. Então, voltei a fumar, também para encarar meu novo trampo de pedreira. Espero que na próxima vez que chutarem a minha cabeça, quebrem o pé num murão de concreto. E chega de vazar.

Um comentário:

Toninho disse...

Pois é minha amiga, e vaza por todos os lados e sempre.Eles já estão nos nossos quintais e vamos criando barreiras para sobreviver em troca de um cigarro e um naco de pão.Linda rebeldia para um dia de furia.
Saudade de voce.
Por onde anda voce?
Dê noticias.
Um carinhoso abraço