Existo. Ou não

Sou loira dos olhos negros. Inventada. Sou a personagem em mim que esteve atenta o tempo todo, a que guardou, quebrou, misturou e pintou essas histórias. Sem ela, eu simplesmente não aprendo. Não conseguiria. Eu posso ser outras pessoas, uma grande alegria na vida duns, uma grande tristeza na vida doutros, mas, se escrevo, sou Cassandra. Se não sou, digo a ela: Cassandra, que saco! E a gente sai por aí. Discutindo e tomando uns goles. E a gente se mistura. A gente se conforta. Em Uberlândia, minha Macondo, minha London, minha Paris. O Alfredo? É meu incidente, reincidente.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Meias


Cada palavra, uma gota
As coisas que calei agora se escondem de mim
Mal encontro minhas meias, rodopio na sala, mal encontro minhas meias palavras
Perdi as chaves, bati a cabeça no armário
Tenho que parar de me esquecer do que ia mesmo fazer, não, não me lembro
Há qualquer mágica no ar, e quando há, eu sei, estou me afastando do mundo
Há qualquer mágica no ar, eu percebo e rodopio na sala, mal encontro minhas meias
(palavras) cada uma, uma gota, um pote cheio de gotas congeladas, eu as comerei para depois
Depois que o sol nascer – queria não ter medo do escuro, mas:
As coisas que calei agora se escondem de mim –
Cada palavra, uma gota do veneno que me corrói por dentro
Eu não tenho escolha: ou morrer ou vomitá-las.

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