Existo. Ou não

Sou loira dos olhos negros. Inventada. Sou a personagem em mim que esteve atenta o tempo todo, a que guardou, quebrou, misturou e pintou essas histórias. Sem ela, eu simplesmente não aprendo. Não conseguiria. Eu posso ser outras pessoas, uma grande alegria na vida duns, uma grande tristeza na vida doutros, mas, se escrevo, sou Cassandra. Se não sou, digo a ela: Cassandra, que saco! E a gente sai por aí. Discutindo e tomando uns goles. E a gente se mistura. A gente se conforta. Em Uberlândia, minha Macondo, minha London, minha Paris. O Alfredo? É meu incidente, reincidente.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

O começo

Quando olho para trás, vejo o rastro das grandes neuroses urbanas irem entrando pelas paredes das minhas coisas. Me lembro bem: eu tinha uma treta com a vida, desafiava mais, só que, num por aí sei lá quando, fui mudando, deixando o lodo da civilização entrar, me senti muito mal mesmo. Era como se eu estivesse compactuando com cada grosseria humana, rico roubando de rico pra ficar mais rico, pobre roubando de pobre e todo mundo ficando mais pobre um pouco. 


Quem é que vai ficar pensando uma coisa dessas na hora do almoço? 


Eu tinha indigestões, dores no estômago. Me exaltei. 


Mudo de assunto. Não é fácil, eu fico lá, de bochecha roxa, que nem uma boneca, em reunião, mesa redonda, todo mundo me olhando,,, ,, tenso, releva, releva,,, ,, ai!!! eu só queria xingar, dar um xingadinha. Vai à porra diretorzinho de merda sem modos.


Mas isso não se faz, e cada vez que não se faz, se é um pouco mais civilizado. Até se ir ficando mais em casa, mais caseiro. Eu fui murchando, sabe,,, . Civilizei demais.”


Nenhum comentário: